segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Kid Vinil vai de Elvis a Cansei de Ser Sexy em 'Almanaque do Rock'



Ele já teve tic tic nervoso, já foi boy, jornalista, radialista, diretor artístico de gravadora, DJ de rock, apresentador de programas de TV, e agora está lançando um livro.
"Na década de 80, a gente chamava o Julio Barroso de 'agitador cultural'. Hoje, eu me vejo meio como isso", diz o também musicólogo Kid Vinil, que realiza um sonho de velhos tempos e lança o Almanaque do Rock (Ediouro).
"Eu sempre quis fazer um livro relacionado ao rock. Escrevi muito para jornais de São Paulo, e uma coisa que eu sempre tive em mente era uma hora reunir todos meus artigos e a partir disso fazer um livro", conta.
O lançamento faz uma retrospectiva do gênero musical, de Elvis Presley a Cansei de Ser Sexy. Kid Vinil relembra os grandes festivais e destaca momentos clássicos da história, como o topless de Janis Joplin em Copacabana e o discurso de Caetano Veloso no Festival da Canção.
"Tinha material para dois volumes, afinal, são 50 anos ou mais de rock e é difícil condensar tudo em apenas 250 páginas ilustradas. Muita coisa tive que ir lamentando e tirando fora, mas no final acho que consegui sintetizar tudo da maneira que eu queria. Quem sabe, se o livro vender bem, a gente pense no 'Volume Dois'", diz o autor.
"Procurei ser imparcial e não 'puxar sardinha' para o meu lado, para as coisas que gosto mais. Acredito que consegui falar de expoentes e coisas legais do rock sem ser 'tiete'. Também não quis ser crítico, não era o intuito do livro", explica Kid Vinil.
"Ele é muito mais informativo e tudo tem seu peso", completa.
A capa do Almanaque do rock destaca alguns dos expoentes do gênero, como Kurt Cobain, John Lennon e Joey Ramone.
"Foi difícil escolher quem ilustraria a capa entre tantos ícones, mas acho que foi uma escolha feliz. Tem o Raul (Seixas) representando o rock brasileiro, a Bjork e a Janis (Joplin) representando as mulheres, o Jack White, que eu acho importante nessa nova geração. Se eu pudesse colocar mais fotos na capa, eu colocava. É um dilema. Morrisey eu adoro e não entrou, Robert Smith também quase entrou, que são figuras emblemáticas. Ai coloquei o Ramones, para representar os anos 80 e o punk", conta Kid Vinil.
Contemporâneo Supla é criticado por dizer que continua ouvindo os Beatles por falta de boas bandas novasNos anos 80, enquanto Kid Vinil liderava o grupo Magazine, Supla estava à frente do Tokyo. As duas bandas fizeram bastante sucesso, estavam entre o que havia de novo no rock.
Hoje, divergem sobre a nova safra de novidades no cenário musical. Supla declarou que "infelizmente" continua ouvindo seus velhos discos dos Beatles.
"Acho que o Supla não agiu de maneira correta. Ele precisa estar sempre atualizado. Acho que é uma obrigação do próprio músico. Vejo isso acontecer com muitos músicos da minha geração e eu digo a ele: você fechou as portas para o mundo. A fila anda e as coisas continuam acontecendo", polemiza Kid Vinil.
"Eu sempre aposto em coisas novas. Adoro os Beatles, mas gosto de ouvir novidades. No próprio livro eu coloco o Cansei de Ser Sexy, falando da importância de ter uma banda brasileira fazendo sucesso lá fora", explica.
De olho no futuro, Kid Vinil aposta na Internet"As pessoas podem conhecer muito mais e ter muito mais música. As ferramentas novas que se tem na internet, como o YouTube e o Myspace, ajudam muito as bandas aparecerem. Na Internet não tem essa politicagem de gravadora, da música ter que fazer sucesso. Hoje é muito mais fácil fazer uma coisa que tenha a sua cara", aposta.
O Almanaque do Rock não foi lançado na Internet. Está nas livrarias, mas é a cara do Kid Vinil. Cheio de histórias e curiosidades, fartamente ilustrado, com capas e dicas de discos e bastante memorabilia, como que um guia para despertar a vontade por uma busca mais aprofundada sobre os artistas que forem se revelando os seus preferidos. Para iniciantes e iniciados.

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